Conceituando Alfabetização e Letramento
O termo “alfabetização” é um
conceito bastante conhecido e familiar, onde responderíamos que corresponde à
ação de ensinar a ler e escrever. Na alfabetização eram consideradas a
codificação e decodificação, e eram utilizadas cartilhas como livros didáticos.
Na alfabetização conseguimos apenas decodificar, porém na maioria das vezes o
entendimento daquela leitura não acontece. A partir da década de 1980, o ensino
da leitura e da escrita centrado no desenvolvimento das referidas habilidades,
desenvolvido com o apoio de material pedagógico que priorizava a memorização de
sílabas e/ou palavras e/ou frases soltas, passou a ser amplamente criticado. No campo da
Psicologia, foram muito importantes as contribuições dos estudos sobre a psicogênese da língua escrita,
desenvolvidos por Emília Ferreiro e Ana Teberosky (1984). As autoras defenderam
uma concepção de língua escrita como um sistema de notação alfabético. Elas
constataram que as crianças ou adultos analfabetos passavam por diferentes
fases, que vão da escrita pré-silábica até as etapas silábica e alfabética. Não
seria através de textos forjados, como eram encontrados nas cartilhas, que a
aprendizagem significativa da língua aconteceria, mas através da interação da
língua escrita e de suas funções. Segundo
Soares (1998), o termo letramento é a versão para o Português da palavra de
língua inglesa literacy, que significa o estado ou condição que assume
aquele que aprende a ler e a escrever. Esse mesmo termo é definido no Dicionário
Houaiss (2001) “como um conjunto de práticas que denotam a capacidade de uso de
diferentes tipos de material escrito”. Muitos
alunos saem da escola sabendo decodificar e codificar, mas não conseguem
produzir textos ou entender aquilo que estão lendo, isso acontece pela falta de
interação no ensino da língua escrita com o cotidiano desses alunos. “(...)
alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao
contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja: ensinar a ler e
escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que
o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado (p. 47).”
Soares (1998a). Para que esse alfabetizar letrando aconteça, a escola deve
criar oportunidades onde os alunos possam interagir com diferentes gêneros
textuais, com base em contextos diversificados. É preciso o desenvolvimento de
um trabalho sistemático de reflexão sobre as características do nosso sistema
de escrita alfabético. Sabemos
então que hoje alfabetizar não é mais codificar e decodificar, mas estar
inserido em práticas diferenciadas de leitura, onde podemos ter autonomia para
produzir textos e os compreender sem a mediação de outra pessoa.
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